Estive recentemente em Portugal e fiquei banzado, quase em estado de choque, pelo que presenciei e ouvi sobre a degradação da economia e o plano de austeridade implementado, e alterado diversas vezes - para pior obviamente - pelo presente governo do PSD liderado por Pedro Passos Coelho. Todas estas leis são introduzidas, votadas e aprovadas na nossa Assembleia da Republica e tudo, como é sabido, a mando da Troika que há uns tempos para cá tem vindo a ditar, ou melhor, a governar a nação lusa, nos bastidores.
Com a presente crise económica que Portugal se debate não antevejo outra opção do que cumprir cegamente o que lhe é pedido, ou exigido. Sem tréguas a Troika vem impondo o seu plano à nação portuguesa. Uma das pontas de lança destas imposições é a privatização das nossas empresas estatais, ao preço da uva-mijona, obviamente (muito barato), de tudo o que pertence ao povo e à nação.
Algumas dessas condições já se concretizaram como a venda total, ou parcial, ou até parcerias estado-privadas. O Banco BPN foi adquirida pela bagatela de 40 milhões pelos angolanos, a EDP Energias de Portugal, comprada pelo chineses, as Scuts (autoestradas) e muitas outras estão neste caminho como o SNS (Serviço Nacional de Saúde), da TAP, da RTP, e mais um ramalhete de serviços públicos e bancos, neste ultimo caso, constar, tempos a tempos, ser a Caixa Geral de Depósitos.
Mas os números não ficam por aqui pois são às dezenas essas corporações ligadas ao estado que se encontram em vias de transitar para os privados, ou parcerias com estes, que ao fim e ao cabo vai dar no mesmo, pois será coberto pelo erário público como foi, e é, a parceria da Ponte de Vasco da Gama e muitas do mesmo cariz.
Desta forma as infraestruturas da nação passarão rapidamente para as mãos dos privados e, sem querer vestir a pele de vidente, antevejo, no fim do mandato deste governo, que Portugal estará de "tanga". Pior que o Tarzan na selva! É que as negociações com as empresas privadas são conduzidas sem que, primeiro de tudo, os interesses nacionais sejam assegurados. Um exemplo flagrante foram as concessões das autoestradas onde essas companhias privadas apresentam prejuízos na gestão anual e o Estado terá de as compensar.
Ora que tipo de negócio é esse, pergunto? Se a empresa é privada e está em atividade é, ou não é, para ter lucro? Se não o tem então que desista e entregue o contrato de volta para as mãos do governo. Isto traduzido em bom português é que o Estado entrega os negócios às privadas e ainda lhes dá uma "pensão" vitalícia. Falo no Estado, porque o Estado não é mais nem menos que o povo, aquele que depois, perante o balanço negativo dessas privadas, terá que suporta com os seus impostos os prejuízos dessas empresas.
Isto não lembra ao diabo. Perante todos estes factos sou totalmente de opinião que qualquer propriedade do Estado, seja qual for, só poderá mudar de mãos após uma consulta ao povo da nação. São estes, os cidadãos, que terão a ultima palavra na decisão das vendas do património.
Voltar para Crónicas e Artigos |